Imagine um mundo livre, sem intervenções e abordagens indesejadas, ou sem a interrupção daquele seu programa de televisão favorito. Sonhando mais alto, podemos imaginar um ambiente livre de assessores de imprensa, de promotores de eventos, relações públicas, eventos patrocinados, etc. Falando em patrocínios, seria melhor desistir dos jogadores de futebol milionários ou das equipes super tecnológicas de Formula 1.

Cidades em que o poder público não avisa aos cidadãos das obras, ou mudanças. Sem marcas que incomodam o olhar, as vegetações destas cidades poderiam ser deixadas ao natural, sem a necessidade da intervenção humana para lhe dar forma, ou aparar seu crescimento para dar lugar às mídias exteriores e aos mobiliários urbanos cobertos de anúncios. Seria um alívio, é fato.

Os jornais sairiam magrinhos, sem lançamentos imobiliários ocupando páginas e mais páginas de espaço. É claro que teríamos que pagar um pouco mais pelas notícias, já que o jornal teria que dividir seus custos e buscar o lucro somente na venda de seus exemplares. Ainda, teriam que contratar mais jornalistas para ir atrás de informações, que não chegariam mais através dos releases ou das sugestões de pautas das assessorias.

Também teríamos que nos esforçar um pouquinho mais quando quiséssemos saber sobre novos produtos, ou mesmo as características daqueles que gostaríamos de comprar. Seria necessário pesquisar, ir às lojas, conhecer pessoas que já tivessem aquele produto, correndo o risco de nem ficarmos sabendo da sua existência.

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Imagine poder assistir à TV sem a interrupção dos anúncios publicitários? Claro que para termos esse conforto seria necessário comprar uma assinatura, como as de TV a cabo, só que um pouco mais caro, já que nós pagaríamos pelas superproduções a que adoramos assistir. E mesmo na internet, talvez fosse o caso de abdicarmos das redes sociais ou pagar para usá-las, afinal todas elas precisam ter lucro e, portanto, patrocinadores para funcionar.

Um mundo livre de propaganda nos daria tempo para pensar em coisas importantes, consistentes e densas: filosofia, sociologia, antropologia… Nada de moda, celebridades, fofocas e esses assuntos que usamos nosso precioso tempo discutindo. Poderíamos dedicar mais tempo à leitura de clássicos como Shakespeare ou Machado de Assis. Talvez, Christian Grey e seus delírios megalomaníacos nem existissem em um mundo livre da comunicação publicitária. E seus sonhos de consumo, como carros, eletrônicos e itens da moda seriam apenas objetos, nada mais.

O rádio talvez pudesse ser bancado pelo poder público e, livre de concorrência poderia oferecer a programação que considerasse adequada, porém, independente do seu gosto e preferências. Somos tão paparicados que não percebemos o quanto querem nos agradar. Todos os meios de comunicação fazem isso e as vezes nem nos damos conta.

Comumente criticamos tudo a nossa volta, seja um meio que nos traga informações ou entretenimento. Mas afinal, quem nunca riu ou se emocionou com um comercial inteligente, ou experimentou e gostou de um produto anunciado na TV? Descobrirmos produtos e serviços que facilitam a nossa vida, e é ótimo poder compartilhar essas informações. Condenar a publicidade e propaganda é cuspir num prato que comemos diariamente. Dos fanáticos por futebol aos fãs de novelas, a publicidade está inserida na nossa vida e nem por isso é má. Talvez, um mal necessário. Pense nisso!

Fonte: Café com Galo